Fugir da realidade está cada vez mais fácil. Hoje, um dos trending topics é o metaverso, uma experiência virtual compartilhada e altamente realista. A ideia não é exatamente nova, com alguns jogos explorando esse conceito há quase 2 décadas. No começo dos anos 2000, por exemplo, o Second Life permitia a interação de pessoas com seus avatares em uma realidade digital. Entretanto, o jogo estava muito à frente do seu tempo e foi descontinuado, mesmo com sucesso de público, justamente porque a tecnologia não acompanhava a sua proposta. Agora, a realidade é outra: com inteligência artificial, internet das coisas, realidade aumentada, armazenamento em nuvem e conexões ultravelozes, a experiência do metaverso está cada vez mais incrível.
Is this real life?
A questão vai muito além de jogos: o metaverso promete todo tipo de socialização, seja entretenimento, educação ou trabalho. Por enquanto, ele tem sido encarado por muitos como uma fuga da realidade – o que é nada mau quando se é brasileiro –, mas em breve deve ser algo tão real quanto o mundo físico em que vivemos. Games como Roblox, Fortnite, Minecraft e Animal Crossing permitem a criação de um universo paralelo. As próprias mídias sociais podem ser encaradas como experiências metaversas, já que a realidade construída nelas nem sempre reflete o mundo de verdade. Até mesmo festas virtuais, bastante populares na pandemia, podem ser exemplos dessa nova tendência que cresce a cada dia.
Somos todos metaversos
O tema é tão interessante que diversas explicações ou filosofias surgiram nos últimos tempos. O ensaísta e capitalista de risco Matthew Ball, por exemplo, diz que o metaverso é o sucessor da internet móvel. Mark Zuckerberg quer levar a galera do Facebook para a realidade aumentada, enquanto Jensen Huang, CEO da Nvidia, espera que essas experiências sejam cada vez mais sensoriais. No metaverso, não precisaremos necessariamente nos conectar à internet: na verdade, já estaremos dentro dela e poderemos experimentá-la de diversas maneiras. A pandemia, é claro, acelerou isso tudo. Seja através de reuniões virtuais ou aumento do consumo online, a nossa vida nunca foi tão digital. E, é claro, as marcas já tentam tirar proveito disso.
Anuncie aqui!
Se no passado os pop ups foram a forma de chamar a atenção de consumidores na internet, no metaverso essa experiência deverá ser menos invasiva. A ideia é que a publicidade esteja inserida nesse mundo virtual igual a outdoors no mundo real, com a diferença, é claro, que você pode clicar no anúncio e adquirir o produto em um piscar de olhos. Além disso, será preciso que as empresas se adaptem ao metaverso, já que o comportamento das pessoas nessa realidade virtual pode ser diferente do mundo real. Inclusive, as marcas podem ajudar a criar o metaverso a fim de ganhar mais destaque dentro dele.
Vice-versa
Voltando a falar de games, a Roblox está revolucionando o conceito de metaverso. Sua multiplataforma permite que jogadores criem seu próprio mundo virtual. Mas de acordo com o CEO David Baszucki, a ideia é ir muito além de joguinhos. No futuro, ele acredita haver espaço para estudar ou trabalhar dentro da Roblox. Porém, para isso continuar sendo um lugar seguro, é preciso de moderação feita por humanos. Afinal, crianças e adultos vão estar inseridos em um mundo quase paralelo, mas com ameaças que podem ser bem reais. Um exemplo do poder do metaverso aconteceu em 2019: o GTA V lançou roupas para os jogadores semelhantes às dos protestos de Hong Kong. Isso levou vários manifestantes para as ruas do jogo e gerou um contragolpe de chineses personalizando seus avatares como policiais para combater a manifestação online, tudo enquanto a real tomava as ruas da cidade.
Vida virtual, negócio real
Essas skins personalizadas para personagens vão muito além de uma moda virtual: elas mostram oportunidades de negócios diversos dentro do metaverso. Carros e imóveis virtuais se tornarão cada vez mais comuns. No mês passado, a empresa Republic Realm pagou USD 1 milhão para comprar um terreno virtual no Decentraland, uma espécie de metaverso baseado em blockchain e que faz tramitações em criptomoedas ou NFTs – inclusive, o valor foi pago em MANA, a moeda virtual da plataforma. Ou seja, cada vez mais os metaversos estão sendo criados. Quantos serão criados? Como vão conversar entre si? E o mais importante de tudo: como administramos tudo isso? Ironicamente, nem a internet pode nos dar essa resposta.