Inovação colaborativa: aprenda a ter boas ideias em conjunto

Duas cabeças pensam melhor do que uma, já dizia o velho ditado.

E duas empresas? E algumas empresas juntas? Será que também não pensam melhor juntas?

Inovação colaborativa é um conceito que se vale exatamente dessa ideia: encontrar as respostas para os desafios de seus produtos e serviços em conjunto com outras empresas, em busca de inovações que satisfaçam seus clientes.

Também chamada de inovação aberta, essa tendência em Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos e serviços foi estudada a fundo por Henry Chesbrough, professor da universidade de Berkeley, que defende que as empresas utilizem tecnologias e conhecimentos internos e externos para melhorar o processo de inovação.

Mas como pôr essa bonita teoria em prática? Você chamaria um concorrente para um processo de inovação conjunto?

Segundo Chesbrough, essa troca de informações é benéfica para ambos os lados.

Você concorda? Ou acha que concorrentes trabalhando juntos vão acabar “batendo cabeça”, em vez de se ajudarem?

Confira nosso artigo e veja como a inovação colaborativa pode ajudar a gerar novas ideias.

Colaboração com quem?

Este é um detalhe importante: a inovação colaborativa pode envolver  vários tipos de parceiros.

Um estudo da FGV afirma que a inovação colaborativa acontece, prioritariamente, com 5 tipos de parceiros:

  1. Fornecedores: ajudam na criação de novos produtos e serviços que necessitam do desenvolvimento de tecnologias complexas. Por dominarem outra parte do processo, apresentam um forte impacto positivo nos resultados da inovação conjunta.
  2. Instituições de ciência e tecnologia – ICTs: facilitam o acesso a novas pesquisas e pesquisadores da área de interesse, trazendo fontes valiosas para auxiliar na geração de inovações.
  3. Consumidores: por meio de seus feedbacks, contribuem para a redução dos riscos de fracasso no lançamento de um novo produto no mercado. Na verdade, são uma das principais fontes de ideias novas em processos colaborativos.
  4. Competidores: ao se unirem para fazer pesquisas básicas em conjunto, conseguem ganhos de escala e a diminuição de custos de Pesquisa e Desenvolvimento.
  5. Intermediários: são responsáveis por identificar e conectar agentes com interesses comuns que querem trocar ou mesmo comercializar ideias ou tecnologias que desenvolveram.

Para você ter uma ideia dos resultados que podem ser alcançados, veja estes dados divulgado em uma pesquisa da Accenture:

A Procter & Gamble, uma das primeiras corporações a adotar a colaboração aberta, conseguiu um aumento de 60% na produtividade de seu setor de Pesquisa e Desenvolvimento e mais do que dobrou a taxa de sucesso em inovação depois de adotar a inovação colaborativa, em conjunto com os seus fornecedores.

Mas como vencer preconceitos e deixar de lado toda uma cultura de desenvolvimento secreto de inovações?

Trouxemos 4 dicas que podem ajudar você a evitar conflitos nesse trabalho em equipe e desenvolver um projeto de inovação colaborativa em seu negócio com mais assertividade.

4 armadilhas a se evitar ao desenvolver a inovação colaborativa

inovação colaborativa

Confiar em outras empresas nem sempre é fácil.

Mesmo depois de superada essa barreira, seja com fornecedores, concorrentes e até com clientes, é preciso levar em conta alguns aspectos que são importantes para o  sucesso da iniciativa.

Veja os conselhos de Alessandro Di Fiore e de Jonas Vetter, que escreveram um artigo sobre os erros a evitar ao desenvolver um projeto de inovação colaborativa.

1. Não promova um “evento”

Esse é um grande erro que as empresas cometem ao chamar parceiras para um workshop de inovação colaborativa, principalmente se os clientes estiverem no meio.

Literalmente, elas fazem um show!

Algumas empresas acreditam que precisam se mostrar competentes ao máximo e tratam o que deveria ser uma troca de ideias e experiências como uma feira de vendas.

Encontros de inovação colaborativa não são feitos para exibir sua empresa.

São processos realizados em conjunto por dois ou mais agentes que querem inovar em suas áreas de atuação.

Isso requer um bom planejamento sobre o que acontecerá antes, durante e depois do evento. O formato está muito mais próximo de um painel ou seminário do que de qualquer outra coisa.

É preciso fazer uma seleção cuidadosa de ideias, decidir sobre a propriedade intelectual do que for criado, tomar decisões importantes quanto a alocação de recursos e ser transparente durante todo processo de inovação.

2. Não decida o tema da inovação unilateralmente

Se sua empresa está, por exemplo, convidando fornecedores e clientes para uma iniciativa de inovação colaborativa, não faz o menor sentido definir um tema que só interesse a sua empresa.

Reúna os convidados e decidam juntos como podem colaborar entre si, descubram um objetivo comum!

É preciso analisar o que cada participante pode oferecer, quais são suas especialidades e somar forças para que se complementem.

Caso contrário, seus convidados não terão nenhum interesse em participar com ideias e contribuir com a inovação.

A verdade é que mesmo dispostas a colaborar, as empresas têm seus próprios objetivos estratégicos e prioridades de negócios específicas.

Por isso, um acordo sobre os problemas que vão ser discutidos em conjunto, antes do início dos trabalhos de inovação, é fundamental.

3. Não ignore o horizonte de tempo para inovar de cada participante

Mesmo depois de acordarem os temas, empresas têm outras diferenças que precisam ser alinhadas.

A inovação pretendida será implementada quando?

Por exemplo: uma grife de moda pode querer se aliar a um fornecedor de tecidos para criar um novo tipo de material que seja usado já na próxima estação.

Para o fabricante de tecidos, que fornece em escala global, esse tipo de investimento precisa ser muito bem pensado. Isso porque o novo tecido não será apenas usado em uma estação, mas por pelo menos 20 anos. Em razão disso,  precisa um produto de seu portfólio que se mostre consistentemente lucrativo.

Para a grife, passado o lançamento da coleção, algo totalmente novo já deve ser pensado para a estação seguinte.

O tempo de desenvolvimento da inovação precisa se ajustar aos ciclos de retorno financeiro esperados em cada ramo de negócio, o que não acontece nesse caso.

Sem esse alinhamento, será impossível tirar bons frutos dessa parceria.

4. Não ignore a linguagem corporativa dos parceiros

Algumas empresas simplesmente não falam a mesma língua.

cultura de trabalho e a visão organizacional de cada empresa pode fazer muita diferença na hora de se relacionarem em um projeto de inovação colaborativa.

É esse tipo de empatia empresarial que gera uma cooperação íntima, confiança e camaradagem.

Uma parceria baseada em protocolos frios, apresentações de PowerPoint tediosas e reuniões monótonas tende a não dar em nada.

Para que haja engajamento e a colaboração seja sustentável, é preciso criar uma sinergia baseada em valores e crenças comuns.

Portanto, não deixe de procurar parceiros que tenham princípios e uma maneira de trabalhar semelhante aos da sua empresa.

Caso contrário, não importa quantos sejam, ninguém vai ter cabeça para trabalhar de forma colaborativa.

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Fonte: https://blog.trello.com/br/inovacao-colaborativa