Para investidores em startups em estágio inicial, 2020 provou que a localização não importa tanto quanto experiência, empatia e conexão
O ano que passou será lembrado de formas diferentes por cada pessoa que entre os altos e baixos, incertezas e até mesmo oportunidades, sobreviveram (literalmente) a pandemia provocada pelo novo coronavírus. E embora o cenário ainda esteja em processo de construção, dia após dia, no ecossistema empreendedor é possível traçar alguns panoramas com base nos últimos resultados obtidos e com a própria evolução do mercado.
Em uma publicação recente, a Forbes norte-americana elegeu cinco tendências para startups early stage. Dentre elas, estão o crescimento de investimentos pre-seed, a preferência dos fundadores por fundos novatos em invés dos grandes e tradicionais e a valorização da marca pessoal pelos Venture Capitals e founders como uma maneira de aproximar-se do negócio.
Com este artigo é possível obter algumas previsões para as startups em 2021 que se enquadram neste estágio, além de buscar entender o que fica e o que será passageiro em relação a pandemia. Vamos a elas:
1: PRÉ-SEED GANHA AINDA MAIS DESTAQUE
Segundo Maren Thomas Bannon, sócia da January Ventures e investidora da Elpha – e que assina o artigo mencionado acima – “Five Predictions For Early Stage Startups In 2021”, na última década, as rodadas de investimento semente se tornaram maiores e mais institucionalizadas. Muitos fundos semente começaram com foco no “primeiro cheque”, mas como obtiveram sucesso, levantaram fundos maiores e agora estão conduzindo rodadas sementes de três a cinco milhões de dólares.
As rodadas sementes hoje se parecem muito com uma rodada da Série A de uma década atrás, tanto em tamanho quanto em tração. “Em 2021, espero que mais investidores despertem para a oportunidade do pré-lançamento. Veremos muitos mais investidores focados nisso”, afirma Maren.
2: EMPREENDEDORES APOSTARÃO EM NOVOS FUNDOS
Ela lembra que nos últimos anos, vimos o surgimento de diferentes modelos de fundos de risco: micro fundos, fundos de operadoras, fundos circulantes, sindicatos, etc e destaca que esta tendência é positiva, pois oferece aos empreendedores um leque mais amplo de opções para levantar capital. Esses novos modelos de capital de risco também estão proporcionando a uma gama mais ampla de pessoas a capacidade de investir no estágio inicial.
O jornal New York Times informou que os IPOs em 2019 estavam tornando o mesmo grupo de homens ricos. Uma variedade cada vez maior de modelos de fundos pode, com sorte, começar a quebrar esse ciclo, de modo que, no futuro, uma gama mais diversificada de pessoas seja capaz de investir em startups em estágio inicial, ver retornos e reinvestir quantias maiores.
3: PADRONIZAÇÃO DOS INVESTIMENTOS EM ESTÁGIO INICIAL
Na mesma linha, AngelList e Carta automatizaram grande parte da criação, operações e relatórios de fundos para gerentes emergentes. “Mais fundos estão usando automação e ferramentas para a cadeia de valor de risco: fornecimento de negócios, tomada de decisão de investimento, gestão de fundos e portfólio e operações contínuas”, disse Philipp Moehring, investidor em estágio inicial de Berlim e parceiro para a Europa na AngelList. “Isso está capacitando novos participantes, à medida que as despesas gerais se tornam mais baratas, e permite que os investidores existentes se concentrem no que fazem melhor: trabalhar com empreendedores para construir o futuro”, continua.
“Em 2021, espero que a padronização dos investimentos em estágio inicial signifique que as rodadas e os fundos sejam fechados sem advogados. Isso é um sinal de que o setor de startups está amadurecendo, e os ganhos de eficiência permitirão um crescimento acelerado”, aponta Maren.
4: CRESCIMENTO DE COMUNIDADES ON-LINE
Antes da pandemia, os empreendedores normalmente desenvolviam seus negócios de acordo com a sua localização de origem. Com investidores locais, contratavam talentos locais e aprendiam as melhores práticas com suas redes locais.
Em 2020, foi destruída a percepção de que é preciso estar pessoalmente para contratar alguém, colaborar, fechar uma venda ou fazer uma rodada. Essa dissociação da geografia do capital financeiro e humano é poderosa. Ficar totalmente virtual significa que as startups podem contratar as melhores pessoas, independentemente de sua localização física, fechar os clientes ideais e encontrar os investidores ideais, em vez de ficarem restritas por quem esteja por perto.
Para investidores em startups early stage, o último ano provou que a localização não importa tanto quanto experiência, empatia e conexão com os empreendedores.
“Em 2021 prevejo que o mundo nunca mais voltará à ineficiência de precisar sempre se encontrar pessoalmente para tomar uma decisão, fechar uma venda ou preencher um cheque”, diz a sócia da January Ventures e investidora da Elpha .
5: A FORÇA DA MARCA PESSOAL
Por fim, nunca é demais lembrar que agora que os capitalistas de risco não podem encontrar startups em eventos, os investidores precisam confiar mais nos canais on-line. Isso significa que marca, boca a boca e comunidade, são mais importantes.
Marketing e comunidade são os novos superpoderes de VC para a criação de um mecanismo de fluxo de negócios. O mesmo é verdade para fundadores em estágio inicial.
Enquanto estávamos todos presos em nossas casas, a visibilidade on-line nunca foi tão importante. Essa tendência continuará por muito tempo após o fim da pandemia. “Em 2021, as startups fundadas terão a vantagem de serem construídas para um mundo pós-Covid desde o primeiro dia, em comparação com as startups e incumbentes em estágio posterior que tiveram o desafio de girar rapidamente este ano. A pandemia acelerou a adoção de tecnologia, e acredito que algumas das empresas icônicas da próxima década serão fundadas no próximo ano”, conclui Maren.
Fonte:Whow
Por João Kepler – Partner e diretor da Bossa Nova Investimentos
Publicado em:1 de fevereiro de 2021
https://riooportunidadesdenegocios.com.br/produtos/noticias-de-impacto/o-que-as-startups-early-stage-devem-esperar-para-2021