Diga-me quem segues

Negando as aparências…

Recentemente falamos como a nova era da privacidade de dados está mudando  a publicidade digital.

Conforme explicamos aqui também, com menos dados coletados, os anunciantes estão optando por outros formatos de publicidade. 

Este report da Brunch, firma expert em conteúdo, feito com o YOUPIX, consultoria de negócios de influência na América Latina, indica que 86,5% das 94 marcas brasileiras entrevistadas consideravam os influencers uma forma de obter bons resultados em campanhas.

Por outro lado, este estudo feito com 134 marcas mostra que 70,3% delas pausaram alguma campanha com esses profissionais para reajustar estratégias. Ou seja: ter zilhões de seguidores não significa necessariamente ser um influencer bom de venda.

Prova disso está nesta matéria de 2019 do El País que conta a história de Arianna Renee (a.k.a. Arii), uma influencer com mais de 2,6 milhões de seguidores no Instagram, que não conseguiu vender nem 36 camisetas de sua linha de roupas.

Nano e micro estão on

Nessa jogada, outro nicho entra na mira das estratégias digitais: nano e microinfluenciadores.

Essa galera pode ser dividida em dois grupos: que acumulam de 1k e 10k e de 10k a 100k seguidores em média, respectivamente.

O que há de bom aqui? Criadores com certo conhecimento em um nicho, de custo menor para fazer publi e com audiência fidelizada — pronta para conversão. E tem mais: se por acaso algum parça nesse sentido fizer besteira (ou for cancelado), o impacto na marca será bem menor em relação a um megainfluenciador.

O que muitas vezes desperta a atenção do público aqui é o fato de os pequeninos unirem a imagem de uma pessoa “gente como a gente” a uma comunicação autêntica.

Inclusive, as plataformas também estão vendo aí uma oportunidade de reter conteúdo dessa categoria. Aliás, nessa rede, o poder de engajamento de um nanoinfluenciador pode ser até seis vezes maior do que de um intermediário ou mega.

E é justamente por isso que o Instagram vai investir em uma série de ferramentas no Reels para destacá-los – o que ironicamente pode torná-los mega e acabar com todo o rolê. 

0 defeitos, sqn

Fato é que, apesar de ajudar as marcas, a onda dos influencers gera certo cansaço – para não dizer ranço.

O mundo irreal dos megainfluencers tem gerado também outros movimentos, como o dos anti-influencers, que acabou ganhando força na pandemia.

Na onda do antialgoritmo (que também já falamos), ele se diferencia do conteúdo convencional pelo jeitinho de se comunicar com linguagens despretensiosas —  ou que aparentemente não têm o interesse de influenciar ninguém.

No fim, esse pessoal investe menos no branding pessoal, mas enxerga tendências opinativas que quebram o círculo de perfeição tão visto por aí.

Pode parecer contraditório, mas existe até uma galera que tem acumulado views por criticar atitudes questionáveis de outros influencers, em especial os de perfil “hypado”.

É influenciar, mesmo sem querer. 

Anti-doto

Exemplo disso é o youtuber estadunidense D’angelo Wallace, autor de um vídeo de mais de 6,4 milhões de visualizações sobre celebridades que furaram os distanciamentos com festas.

Aqui no Brasil, em uma escala menor, o GNT tem o canal Blogueirinha do Fim do Mundo, que simulou com ironia uma retrospectiva de falas reais de influencers durante o período.

Algo parecido tem sido feito pela atriz Ilana Kaplan com a personagem Keila Mellman (a.k.a “É de bom tom?”).

Experts ouvidos pela Vice dizem que a saturação de produções no YouTube estimula o chamado “conteúdos de ricochete”. Tratam-se desses vídeos de react e similares que podem ter foco na crítica a outros criadores.

Na visão dos especialistas, os formatos funcionam como um jeito de responsabilizar os influencers e o mercado pelos efeitos de suas ações na sociedade.

Definições atualizadas

“Acho que essas são técnicas para se demarcar individualmente e como uma pessoa é confiável, cujo trabalho é legítimo”, destacou ao site Sophie Bishop, professora de Marketing Digital e Comunicação do King’s College London.

Por outro lado, o alcance e a interação nesses vídeos também refletem os sentimentos de uma certa massa de pessoas — basta checar os comentários.

Mas não pense que os grandes influencers perderão espaço em uma eventual crise; pelo contrário eles podem cometer erros, ser cancelados por um momento, dar um sumiço e voltar à ativa — vimos isso com a Pugliesi, por exemplo.

O lance é que cada vez mais este universo passará por aprimoramentos e refinamentos – tanto do lado dos influenciados como dos influenciadores, e as marcas, obviamente, no meio disto tudo tentando emplacar uns produtinhos. 

Fonte: https://www.tecmundo.com.br/the-brief
Data: 18 de maio de 2021